domingo, 31 de julho de 2016

A PRIMÍCIA DA VIÚVA

A PRIMÍCIA DA VIÚVA DE SEREPTA




1 Reis 17.8-16,Lucas 4.25-26




INTRODUÇÃO






Um ministério de poder para toda a Igreja”, veremos uma situação emblemática: o cuidado de Deus e a provisão divina para com o profeta Elias, mesmo enviando-o à terra do idólatra Etibaal, pai de Jezabel. Fica claro neste episódio, o cuidado que Deus tem para com os seus. Durante o longo período de estiagem, Deus ordena que o profeta vá até a cidade fenícia de Serepta, onde seria sustentado até que o Senhor o chamasse outra vez. Na idólatra cidade fenícia, o homem de Deus pode ver a promessa de Deus se cumprir na sua vida, e além disso, a viúva com a qual o profeta viveu desfrutou um suprimento perene de azeite e farinha, e experimentou a alegria de ter seu filho ressuscitado dos mortos (1Rs 17.8-24). Deus é o mesmo, não muda (Tg 1.17), Ele permanece como um pai amoroso que busca o bem de seus filhos. A fidelidade de Elias ao Todo-Poderoso fez com que ele precisasse de um lugar seguro para refugiar-se e foi o próprio Deus quem escolheu e preparou este lugar, na presença dos inimigos de Elias (Sl 23.5), na casa de uma pobre viúva, tudo isso, prova-nos que somente Deus é o nosso Provedor, que supre as nossas necessidades. Tenham todos uma excelente e abençoada aula!


I. UM PROFETA EM TERRA ESTRANGEIRA

1. A fonte de Querite. Esse riacho corria, provavelmente, para o rio Jordão, vindo do Oriente. Pode ter estado ao norte de Gileade, na direção do mar de Quinerete (Galiléia). “Querite” – deriva do verbo original (Cha-vath), que significa “cortar, colocar no tamanho certo. A ideia é de aparelhar”. É exatamente isso que Deus faz com os seus homens no campo de treinamento. Quando lemos a história de Elias, aprendemos que Deus tem seus campos de treinamento onde cada um dos chamados por Ele são preparados para os grandes enfrentamentos. Podemos enxergar duas razões pelas quais Deus enviou Elias para o Querite: Proteção e Treinamento. Silêncio e solidão fazem parte da experiência no campo de treinamento. Ao aceitar ir para aquele campo de treinamento, Elias estava pronto para servir ao Senhor pública ou reservadamente. “E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem” (v. 4). Todos aqueles que são fieis aos princípios contidos na Palavra de Deus, podem contar com a provisão do Deus Altíssimo! Deus não pode nos usar para tarefas maiores sem que antes aprendamos a depender dEle. Precisamos aprender a confiar. É no campo de treinamento que nós crescemos, através das experiências que o Senhor Jesus permite vivenciarmos. Quando o ribeiro se secou, Deus dirigiu Elias a ir a uma terra pagã, habitada por adoradores de Baal, e ali Deus o sustentou através de uma viúva pobre (v. 9). Tal experiência reforçou ainda mais a confiança que Elias tinha na providência divina. Às vezes nos surgem adversidades, mesmo quando estamos na vontade de Deus. Em meio a experiências deste tipo, Deus poderá nos assistir de uma maneira diferente e maravilhosa, além do que podemos esperar.
2. Elias em Sarepta. A cidade estava localizada a aproximadamente treze quilômetros ao sul de Sidom, ao longo da costa mediterrânea, na estrada para Tiro. Também é conhecida como Zarefate em algumas versões (Ob 1.20) e como Sarepta no Novo Testamento (Lc 4.26), é a moderna Sarafand. Sarepta é mencionada em textos ugaríticos do século XIV a.C. e em papiros egípcios do século XIII a.C junto com Biblos, Beirute, Sidom e Tiro como uma das principais cidades da costa. Tanto Senaqueribe como Esar-Hadom reivindicam ter tomado Sarepta de acordo com as inscrições assírias (ela foi chamada Zaribtu,)".[c] Deus ordenou que Elias viajasse para fora das fronteiras de Israel e entrasse na área em que a religião Cananéia era suprema. Muitas vezes a orientação de Deus é ilógica no aspecto humano. Não somente por ser um local improvável para os que buscavam tirar-lhe a vida, mas principalmente porque, naquela terra idólatra, Deus tinha alguém que precisava ver o seu poder e glória. Deus estava atento às necessidades e aflições de uma viúva pobre. Ele enviou Elias para fortalecer-lhe a fé e trazer-lhe bênçãos materiais no momento em que ela julgava que tudo estava perdido (v. 12). A fé que essa viúva tinha em Deus e na sua palavra, através do profeta Elias, levou-a a permutar o certo pelo incerto, e o visível pelo invisível (vv. 10-16; cf. Hb 11.27). A viúva crente recebeu do profeta de Deus, não somente uma bênção material, como também uma bênção espiritual

II. UMA ESTRANGEIRA NO PLANO DE DEUS


1. A soberania e graça de DEUS. Soberania significa governo, e a soberania de Deus significa que Deus governa sua criação com absoluto poder e autoridade. Ele determina o que vai acontecer, e acontece. Deus não fica alarmado, frustrado ou derrotado pelas circunstâncias, pelo pecado ou pela rebeldia de suas criaturas. Charles Spurgeon afirma: “Deus é independente de tudo e de todos. Ele age de acordo com Sua própria vontade. Quando Ele diz: ‘Eu farei’, o que quer que diga será feito. Deus é soberano, e Sua vontade, não a vontade do homem, será feita”. Lá, naquela cidade, vivia uma mulher viúva, juntamente com seu filho. Por causa da terrível seca que assolava aquela terra, ela esta prestes a morrer quando o Senhor falou com ela. O que Ele disse a esta pobre viúva, não sabemos mas a Bíblia em 1Reis 17.9 nos diz que Ele falou com Elias o seguinte: "Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eia que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente." Na terra dominada pelo culto a Baal, senhor vida, esta pobre viúva tinha apenas um punhado de farinha e um pouco de azeite para fazer um bolo que só dava para ela e para seu filho comerem e, depois, morrerem. Deus envia Elias para o território inimigo para mostrar que somente Ele é soberano sobre todas as coisas!

2. A providência de DEUS. O termo providência não é encontrado na Bíblia. Esta palavra é usada como um nome para o ensino bíblico que Deus é o Governador sempre presente de toda a criação. Como Governador soberano da criação, Deus cuida e supre as necessidades de todas as suas criaturas. Observe que a palavra prover é encontrada na palavra providência. Providência, contudo, não se refere somente a essa provisão, mas também ao controle, direção e uso de todas as coisas por Deus para os seus propósitos. "Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?" (Dn 4.35). Isso, também, é sua providência. [d] Na sociedade patriarcal israelita a condição de viúva era um risco social à mulher, deixando-a vulnerável econômica e socialmente. Em Êx 22.21-24 a viúva é classificada juntamente com o órfão e os estrangeiros. Elas são frágeis e vulneráveis, razão pela qual necessitam de proteção legal e profética (Is 1.16-23; Jr 22.3). O termo hebraico para viúva vem de ’alm?nâ e aparece pela primeira vez em Gn 38.11 referindo-se ao estado de viuvez de Tamar, a viúva. Um ponto interessante é que o autor de Gênesis aproveita o ensejo para designar também no versículo 12 a viuvez de Judá. Assim, em apenas duas passagens o literato mostra que o infortúnio da perda do cônjuge acontece a ambos, homem e mulher indistintamente. Outro aspecto notório é o parecer cultural: uma mulher viúva que não tinha filhos e que estava impedida de contrair um novo casamento por meio da lei do levirato, retornava à casa de seu pai (v.11). Da raiz do vocábulo ’alm?nâ procedem os termos ’alm?n e ’alm?n respectivamente “enviuvada”, “viuvez”, “ser abandonada(o) como viúva(o). Essas duas palavras são usadas metaforicamente para expressar o estado de abandono de Israel em Jr 51.5 (Is 47.9 – Babilônia). Assim como uma viúva é abandonada pela morte de seu marido, Yahweh enjeita a Israel devido os pecados da nação. A viúva, por conseguinte, vestia-se conforme o seu estado. Em Gn 38.14,19, o termo’alm nût (viuvez) descreve “os vestidos da viuvez”. O “vestido da viuvez” está relacionado com o estado de luto e, por isso, essas vestes não são muito diferentes ou até mesmo idênticas às vestes usadas no velório. 

III. O PODER DA PALAVRA DE DEUS


1. A escassez humana e a suficiência divina.  “Tão certo como vive o Senhor, teu Deus”- essa é uma fórmula de juramento feito em nome do Deus de Elias. A viúva pode ter desejado demonstrar respeito para com Elias ou ela pode ter tido um interesse genuíno no Deus de Israel. Elias foi sustentado em tempos de crise, por aquele que não conhece crise, pois todas as coisas lhe pertencem: “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” (Sl 24.1); “Minha é a prata, meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Ag 2.8). Não importa para onde o Senhor nos envie, devemos obedecê-lo e crer que ele já providenciou nosso sustento. Elias propôs àquela mulher um vigoroso teste de fé: “primeiro faze dele para mim um bolo pequeno”, isso exigiria dela um total compromisso. Apesar da escassez de alimentos, ela deveria alimentar o profeta de Deus antes de cuidar de si mesmo e do seu filho. A decisão desta mulher, que estava a um passo da morte, foi uma decisão sábia, corajosa, misericordiosa e cheia de compaixão para com o profeta. Ela decidiu não só abrir a sua mão mas também o seu coração para dividir o pouco que tinha. A viúva de Sarepta não entregou apenas as primícias da refeição para Deus, mas tudo que tinha. Os gravetos se multiplicaram em sua casa. A noticia se espalhou e logo vieram pedintes. Muitas outras pessoas foram alimentadas. Ali estava, uma viúva solitária, em território pagão, falando do Deus de Israel e de suas maravilhas. E ela nem era do povo escolhido! Jesus, disse que muitas viúvas havia em Israel na época da grande fome, mas apenas a uma das viúvas, foi enviada providência (Lc 4.25).
2. DEUS, a prioridade maior.

 A viúva, lá fora, ajuntando lenha para fazer uma última refeição para si mesma e para o filho, imediatamente reconheceu Elias como um crente em Deus. O texto não diz o que foi, mas algo a fez saber que Elias era um adorador do Senhor. A mulher reconhecia que Deus existia, mas que significava isso para ela, naquele momento? Preste atenção à frase: “Para que a comamos e depois morramos” (1Rs 17.12). Deus dirigiu e guiou Seu profeta Elias a fim de salvar sua vida. Primeiramente, ordenou-lhe que se escondesse junto ao ribeiro de Querite. Os corvos tiveram ordens de alimentá-lo. Em seguida, Deus ordenou novamente e enviou Elias a Sarepta, onde ordenou que uma viúva (v. 9) o alimentasse. Essa viúva parecia ser um instrumento incomum para Deus. Ela não era israelita. Era uma viúva sem posição social e sem influência nem poder. Ela mesma estava quase morrendo de fome.


IV. O PODER DA ORAÇÃO


1. A oração intercessória. 

Oração intercesória é a ação de orar por outras pessoas. O papel de mediador em oração era prevalente no Velho Testamento (ex: Abraão, Moisés, Davi, Samuel, Ezequias, Elias, Jeremias, Ezequiel e Daniel). No entanto, Cristo é retratado no Novo Testamento como o intercessor supremo; e por causa disso toda oração Cristã se torna intercessão, já que é oferecida a Deus através de Jesus Cristo. Jesus acabou com a distância que existia entre nós e Deus quando Ele morreu na cruz. Ele foi o mais importante mediador (intercessor) que já existiu. Por causa disso podemos agora interceder em oração a favor de outros Cristãos, ou pelos perdidos, pedindo a Deus que lhes conceda arrependimento de acordo com Sua vontade. "Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1Tm 2.5). "Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Rm 8.34).
2. A oração perseverante.

 Uma das grandes lutas para qualquer cristão jovem ou maduro está em entender que o silencio de Deus não quer dizer que sua oração não foi aprovada. Pode ser que haja uma demora para a resposta, mas esta demora não quer dizer que sua oração foi desaprovada. Moisés, Elias e Daniel aprenderam isto. Enquanto eles continuavam a orar, enquanto perseveravam na oração, Deus respondeu a tudo o que perseverantemente buscavam. Moisés viu a glória de Deus (Ex 33.12-16, 18), Elias viu a chuva chegar depois de 3 anos e meio de seca (1Reis 18.41-46 e Tiago 5.17,18) e Daniel recebeu a revelação de Deus (Dn 10.1-12). Eram como Bartimeus do Velho Testamento. Estavam no lugar certo na hora certa, persistiram em oração e a fé deles cresceu para encontrar o perfeito tempo de Deus, o qual resultou em fantásticas experiências de resposta divina. Perseverança na oração nos ajuda a ficarmos prontos espiritualmente para o que Deus está fazendo no reino espiritual. Quantas vezes desistimos, nos desgostamos ou nos desesperamos justamente antes da resposta vir?


CONCLUSÃO


A Graça divina só é exercida em favor dos filhos de Deus. Nem no Velho Testamento nem no Novo jamais se menciona a graça de Deus em conexão com a humanidade em geral, e muito menos com as ordens inferiores das Suas criaturas. Nisto a graça se distingue da "misericórdia", pois a misericórdia é "... sobre todas as suas obras" (Sl 145.9). A graça é a única fonte da qual fluem a boa vontade, o amor e a salvação de Deus para o Seu povo escolhido. Este atributo do caráter divino foi definido por Abraham Booth em seu proveitoso livro, The Reign of Grace — O Reino da Graça, assim: "É o livre, absoluto e eterno favor de Deus, manifesto na concessão de bênçãos espirituais e eternas a culpados e indignos. N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8),



AS PRIMÍCIAS NO VELHO TESTAMENTO

AS PRIMÍCIAS NO ANTIGO TESTAMENTO




Deus ordenou ao povo de Israel, de forma clara e explícita, a entrega das primícias (primeiros frutos) por meio de Moisés:

“As primícias dos primeiros frutos da tua terra trarás à Casa do Senhor, teu Deus; não cozerás o cabrito no leite de sua mãe.” (Êxodo 34.26)


A Tradução Brasileira (SBB), ao invés de traduzir “primícias dos primeiros frutos” neste versículo, optou por “as primeiras das primícias da tua terra”, pois duas palavras foram usadas juntamente, com a idéia de “primícias” e “primeiros frutos”.

A primeira palavra usada no original hebraico é “re’shiyth”, que significa “primeiro, começo, melhor, principal; princípio; parte principal; parte selecionada”.

A segunda palavra usada no original hebraico é “bikkuwr”, que significa “primeiros frutos, as primícias da colheita e das frutas maduras que eram colhidas e oferecidas a Deus de acordo com o ritual do Pentecostes; o pão feito dos grãos novos de trigo oferecidos no Pentecostes; o dia das primícias (Pentecostes)”

Vemos, portanto, que as primícias eram uma ordenança da Lei de Moisés. Porém, mesmo antes da instituição desta Lei, já percebemos o Senhor Deus trabalhando nos homens a compreensão da importância da entrega da oferta de primícias; vejamos a seguir alguns exemplos:

AS OFERTAS DE CAIM E ABEL

O diferencial encontrado nas ofertas de Caim e Abel está diretamente ligado à entrega das primícias. Muitas pessoas acreditam que o erro de Caim foi trazer uma oferta dos frutos da terra, ao invés de ofertar um cordeiro (uma tipologia do sacrifício de Cristo)

A Lei das Primícias fazia com que cada um trouxesse os primeiros frutos do seu trabalho, e a Bíblia nos revela qual era o trabalho de cada um deles: Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador (Gênesis 4.2). Logo, as primícias de Caim teriam que ser do fruto da terra!

A Bíblia diz que Deus atentou na oferta de Abel, a oferta correta. E a primeira menção das primícias nas Escrituras é encontrada justamente nesta oferta:
“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou.” (Gênesis  4.3-5 a)

Por outro lado, note quando foi que Caim trouxe a sua oferta ao Senhor: “no fim de uns tempos”. Independentemente do que sejam estes tempos a que a Bíblia se refere (tempo de colheita, de ofertas, etc.), o fato é que Caim não honrou a Deus com os seus primeiros frutos. A entrega das primícias é uma forma de se reconhecer a Deus em primeiro lugar. Por outro lado, deixá-Lo para o fim significa não dar a Ele o primeiro lugar. E o Senhor não aceitou isto de Caim, assim como Ele não aceita isto de nós hoje,mas também pode não ser o cumprimento do feitio do bolo assado( Levítico 23 )

Se Caim não soubesse a forma correta de se oferecer algo ao Senhor, ele não poderia ser culpado, mas ele sabia a forma correta de se ofertar. Vemos isto na conversa que Deus teve com ele, depois de rejeitar a sua oferta:
“Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” (Gênesis 4.5 b-7)

O Senhor falou que Caim sabia que, se ele procedesse bem, seria aceito, e que se ele procedesse mal, o pecado estaria à sua porta. Abel procedeu bem, ao fazer de Deus o Primeiro e ao trazer as suas primícias, enquanto que Caim procedeu mal, ao deixar Deus por último, para o fim. Mas isto não foi algo que cada um deles houvesse feito acidentalmente, e sim por conhecerem o que Deus esperava deles


SEMENTE DE BÊNÇÃOS


Na verdade, a entrega das primícias é uma semente que dá acesso às bênçãos de Deus. O Senhor fez uma promessa a Abraão e à sua descendência. Mas, como Paulo escreveu aos romanos, a forma de santificarmos o restante de alguma coisa, é santificando ao Senhor as suas primícias. Portanto, Deus, que Se move por Seus princípios, pediu a Abraão as primícias de sua descendência: Isaque. Depois, Ele passou a defender toda a descendência de Abraão como se todos fossem aquele primogênito entregue. Veja a mensagem que Deus deu para Moisés entregar ao Faraó egípcio:
“Dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu filho, para que me sirva; mas, se recusares deixá-lo ir, eis que eu matarei teu filho, teu primogênito.” (Êxodo 4.22,23)
Deus mandou Moisés dizer que Israel era Seu primogênito (fruto da consagração das primícias de Abraão), e que, se Faraó não o libertasse, então os primogênitos do Egito é que sofreriam. E foi o que aconteceu. Mas, num registro posterior, no Livro de Salmos, observe como é descrito o juízo divino sobre os primogênitos egípcios:
“Feriu todos os primogênitos no Egito, primícias da força deles nas tendas de Cão.” (Salmo 78.51 – Tradução Brasileira)
“Também feriu de morte a todos os primogênitos da sua terra, as primícias do seu vigor.” (Salmo 105.36)
Em ambos os casos eles são chamados de “as primícias” dos egípcios. Isto faz com que entendamos a mensagem de Moisés a Faraó em Êxodo 4.22,23 da seguinte maneira: “Assim diz o Senhor: Israel é o Meu primogênito, as primícias consagradas de Meu servo Abraão. Liberta-o para que Me sirva, senão Eu julgarei os teus primogênitos, primícias da tua força”.

A prática da Lei das Primícias (ou a falta dela) sempre traz consequências espirituais. Honrar ao Senhor com a entrega das primícias traz bênçãos, mas brincar com Deus no tocante a isto gera juízo!


A COMPRA DOS PRIMOGÊNITOS ISRAELITAS


Deus ordenou aos israelitas a consagração de todos os primogênitos:
“E disse o Senhor a Moisés: Consagre a mim todos os primogênitos. O primeiro filho israelita me pertence, não somente entre os homens, mas também entre os animais.” (Êxodo 13.1,2 – )
E Ele explicou a razão disto:
“Depois que o Senhor os fizer entrar na terra dos cananeus e entregá-la a vocês, como jurou a vocês e aos seus antepassados, separem para o Senhor o primeiro nascido de todo ventre. Todos os primeiros machos dos seus rebanhos pertencem ao Senhor. Resgatem com um cordeiro toda primeira cria dos jumentos, mas se não quiserem resgatá-la, quebrem-lhe o pescoço. Resgatem também todo primogênito entre os seus filhos. No futuro, quando os seus filhos lhes perguntarem: Que significa isto?, digam-lhes: Com mão poderosa o Senhor nos tirou do Egito, da terra da escravidão. Quando o faraó resistiu e recusou deixar-nos sair, o Senhor matou todos os primogênitos do Egito, tanto os de homens como os de animais. Por isso sacrificamos ao Senhor os primeiros machos de todo ventre e resgatamos os nossos primogênitos.” (Êxodo 13.11-15 )
Além de ensinar-lhes um princípio, o Senhor também estava Se movendo de acordo com um direito legal. Na verdade, quando Deus protegeu e guardou os primogênitos dos filhos de Israel, Ele os comprou. Usando a linguagem bíblica, podemos dizer que o Senhor os resgatou e Se fez Dono deles. Daí em diante, todo primogênito era d’Ele, e a consagração ao Senhor era o meio de se reconhecer isto.
Para poder ficar com os seus filhos, os pais deveriam resgatá-los por meio de ofertas. Mas, ao consagrarem o primogênito, estavam santificando a Deus o restante de sua descendência.


CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS



Jericó era a primeira cidade a ser conquistada em Canaã. Portanto, de acordo com a Lei das Primícias, o despojo de guerra não era deles, e sim do Senhor:
“Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais. Porém toda prata, e ouro, e utensílios de bronze e de ferro são consagrados ao Senhor; irão para o seu tesouro.” (Josué 6.18,19)
Os israelitas estavam proibidos de se apropriarem de qualquer coisa em Jericó. Os tesouros deveriam ir para o Templo, e as demais coisas (chamadas de coisas condenadas) deveriam ser destruídas.
A Concordância de Strong mostra que a palavra hebraica traduzida aqui como “condenadas” é “cherem”, que significa: “uma coisa devotada, uma coisa dedicada, proibição, devoção, algo que foi completamente destruído ou designado para destruição total”. Ela tem como raiz a palavra hebraica “charam”, que por sua vez quer dizer: “consagrar, devotar, dedicar para destruição”.
Algumas traduções bíblicas, como a Versão Corrigida de Almeida, traduzem esta palavra como “anátema”, dando a entender que a razão pela qual os bens de Jericó não poderiam ser possuídos era o fato de serem amaldiçoados. A definição bíblica, no entanto, era a de algo consagrado à destruição. Isto poderia trazer maldição, pela quebra de um princípio, mas não era uma coisa maldita em si mesma. Assim como o primogênito da jumenta, que não podia ser sacrificado e tinha que ser resgatado ou desnucado, assim também Deus especificou o que Ele queria que fosse dedicado a Ele e o que Ele queria que fosse destruído. O importante não era a descoberta de um uso para aquelas coisas, e sim não tocar no que era sagrado: as primícias do Senhor. E o exército de Israel obedeceu a ordem que lhes foi dada:
“Porém a cidade e tudo quanto havia nela, queimaram-no; tão-somente a prata, o ouro e os utensílios de bronze e de ferro deram para o tesouro da Casa do Senhor.” (Josué 6.24)
Um soldado, no entanto, desobedeceu a ordem que o Senhor havia dado:
“Prevaricaram os filhos de Israel nas coisas condenadas; porque Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zera, da tribo de Judá, tomou das coisas condenadas. A ira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel.” (Josué 7.1)
A consequência da quebra deste princípio foi que a bênção para as demais conquistas foi retirada de sobre Israel. Eles foram derrotados na próxima batalha, que exigia muito pouco deles, pois a Lei das Primícias não havia sido obedecida.
Quando santificamos as primícias de alguma coisa ao Senhor, também santificamos o restante daquilo de que foi tirada. Portanto, inversamente, quando roubamos a Deus nos primeiros frutos, também perdemos a Sua bênção no restante!
Este princípio funciona em todas as áreas. Ao separarmos um tempo pela manhã para buscarmos a Deus e oferecermos em nosso devocional as primícias do nosso dia, também estamos santificando o seu restante ao Senhor. Quando separamos as primícias da nossa renda, também estamos santificando o restante da nossa renda a Deus!


O PRIMEIRO DIA


“Disse mais Jeová a Moisés: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra que eu vos hei de dar, e comerdes as suas searas, trareis ao sacerdote um molho das primícias da vossa seara. Ele moverá o molho diante de Jeová, para que seja aceito a vosso favor; no dia depois do sábado o moverá.” (Lv 23.9-11 – Tradução Brasileira)
A entrega do molho das primícias ao sacerdote tinha um dia certo para ser feita. A Tradução Brasileira diz: “no dia depois do sábado”. A Versão Atualizada de Almeida usa o termo “no dia imediato ao sábado”, e a Versão Corrigida de Almeida diz: “ao seguinte dia do sábado”.
Todas estas frases são claras e apontam para um dia certo: o domingo. Não creio que este princípio santifique o domingo, como o fazia com o sábado no Antigo Testamento, mas ele revela que a entrega dos primeiros frutos deve ser feita no primeiro dia da semana.
Por que é importante observarmos isto? Porque temos que dimensionar qual é a aplicação prática da simbologia deste princípio hoje. E, referindo-se à simbologia da Lei das Primícias, o apóstolo Paulo declara aos coríntios um fato importante acerca da ressurreição de Jesus:
“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.” (1 Co 15.20)
A ressurreição de Jesus Cristo é vista como um cumprimento da tipologia das primícias, e aconteceu no dia depois do sábado (Mt 28.1).
Porém, cinquenta dias depois desta oferta de primícias, era necessário que uma nova celebração fosse feita ao Senhor, a qual também caía num domingo, depois de sete sábados da entrega da primeira oferta de primícias.
“Depois, para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então, oferecereis nova oferta de manjares ao Senhor.” (Levítico 23.15,16 )
Este era o significado da Festa de “Pentecostes” (que significa “cinquenta”), a qual era celebrada cinquenta dias depois da entrega dos primeiros frutos. Esta festa, mesmo sendo celebrada depois de sete semanas, ainda era uma extensão da festa das primícias (Lv 23.17). E isto também aparece no cumprimento da tipologia do Antigo Testamento no Novo Testamento:
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.” (Atos 2.1-4)
A Igreja recebeu o selo da aprovação divina numa festa que era uma extensão da celebração das primícias. Esta é a razão pela qual também passamos a ser chamados de primícias para o Senhor.
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas.” (Tiago 1.18)
Portanto, a aplicação da Lei das Primícias não é somente financeira, ou literal, mas também simbólica, pois somos chamados de “primícias”.
E qual é a relação que o Novo Testamento faz entre as nossas contribuições e esta figura?
Paulo escreveu aos coríntios, fazendo uma destas aplicações simbólicas quanto às ofertas:
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.” (1 Co 16.1,2)
A orientação apostólica do dia específico para esta contribuição continua sendo o dia seguinte ao sábado: o domingo. Parece-me que a idéia das primícias abordada no Novo Testamento não se prende tanto ao fato de ser o ganho do primeiro dia ou o primeiro décimo da renda que está sendo entregue. O que precisa ser destacado é que eles separavam a parte de Deus no primeiro dia da semana. Ou seja, eles a entregavam em caráter de primazia.
O que aprendemos com isto é que não importa tanto se é o ganho do primeiro dia dado à parte, ou se são os dízimos e ofertas entregues em caráter de primazia. O mais importante é darmos primeiro a parte de Deus, antes de gastarmos com as outras coisas. Ao falar sobre a entrega das primícias, o Senhor instruiu claramente aos israelitas:
“Não comereis pão, nem trigo torrado, nem espigas verdes, até ao dia em que trouxerdes a oferta ao vosso Deus; é estatuto perpétuo por vossas gerações, em todas as vossas moradas.” (Levítico 23.14)
Ninguém comia do fruto do seu trabalho antes de entregar os primeiros frutos ao Senhor. Creio que os dízimos e as ofertas devem ser o item “número um” no plano de contas do nosso orçamento. Além de ser dados primeiro, eles devem refletir o fato de que Deus vem em primeiro lugar. Este é o ponto mais importante. Por outro lado, ofertar o ganho do primeiro dia do mês também pode ser uma forma de se observar esta lei bíblica. Quando honramos ao Senhor com as primícias da nossa renda, Ele também nos honra em nossas finanças. Por outro lado, quando pensamos somente em nós mesmos, e não nos preocupamos com as coisas do Senhor, também ferimos a Sua primazia e perdemos as Suas bênçãos.
É o que ocorreu nos dias de Ageu, quando ele profetizou que o povo israelita só se preocupava com as suas casas, enquanto a Casa do Senhor estava em ruínas. E justamente por colocarem-se a si mesmos em primeiro lugar e deixarem a Deus por último é que eles perderam as bênçãos divinas.





Romanos 11:16 " se as PRIMÍCIAS forem santas..."

AS PRIMÍCIAS SANTIFICAM TODA A MASSA




" SE AS PRIMÍCIAS FOREM SANTAS..."



Depois de comparar a dignidade dos judeus e dos gentios,ele agora priva esses de qualquer soberba e se empenha em "apaziguar" os primeiros como melhor pode.Ele mostra que,se os gentios alegam que não há qualquer privilégio propriamente seu que lhes confira honra,não sendo em nada superiores aos judeus.Lembremo-nos que nesta comparação o apóstolo está contrastando nação contra nação não homem com homem.Se,pois, os comparamos,descobriremos que são iguais,pois ambos são filhos de Adão.A única diferença é que eles foram separados dentro os gentios a fim de se tornarem um povo peculiarmente do Senhor
.
Para entendermos a metáfora,precisamos entender mais sobre PRIMÍCIAS.
Havia dois tipos de PRIMÍCIAS:

1. O "feixe" sendo o primeiro fruto colhido ( Levítico 23:10 )

2. A " flor de farinha o primeiro bolo amassado ( Números 15:20 )

É ao ultimo que se faz referência aqui.As primícias são consideradas por alguns aqui como as primeiras conversões judaicas ao cristianismo:os apóstolos e os discípulos.O contexto refere-se a primeira adoção da nação judaica ou ao pacto feito com Abraão mas também confirmado aos patriarcas.

Portanto,foram santificados por meio de um pacto santo e adornados com uma honra especial,da qual Deus,naquele tempo considerou os gentios indignos.Visto,não obstante,que o pacto naquele período não revelava,na aparência,muita vitalidade o apostolo nos convida a fazer um retrospecto da pessoa de Abraão e os patriarcas em quem a benção divina não era nem vazia e nem destituída de eficácia.Ele conclui,pois,que uma hereditariedade santa passara deles por toda posteridade.Essa conclusão não seria válida caso o apostolo estivesse tratando somente de pessoas e não levasse em conta,antes de tudo,a própria promessa.Só porque um pai é justo,ele não transmite imediatamente sua integridade para seu filho.Mas,visto que o Senhor santificou para Ele mesmo Abraão,sob a condição de que sua progênie também seria santa,por isso transmitiu santidade não so a pessoa de Abraão mas também a toda a sua raça,Paulo corretamente argumenta,que a partir desse fato que todos os judeus foram santificados em Abraão.
Com o fim de confirmar esse conceito,ele introduz duas metáforas: uma extraída das cerimonias da lei e outra da natureza.As primícias que eram oferecidas "santificavam" a massa toda.Semelhantemente,as bençãos se espalham das raízes aos ramos.Os descendentes tem a mesma relação com seus pais,de quem usufruem o que a massa recebe das "primícias" ou os ramos,da árvore.
A santidade aqui não é inerente da raça,mas originário do pacto.

O AMOR AO DINHEIRO

MALES ADVINDOS DO AMOR AO DINHEIRO




A Bíblia não se cansa de admoestar os crentes contra a praga do amor ao dinheiro. O lado material da existência – forte, diga-se – fala de modo especial aos ouvidos dos homens, quer crentes, quer ímpios, para estes muito mais. 

Não se pode negar que o dinheiro e as posses conferem alguns poderes, privilégios e facilidades. Porém, traz consigo muitos dissabores, transtornos, destruição e males, males sem conta. De capa a capa da Escritura, encontramos advertências para que os crentes não amem o dinheiro, pois é básico que não se pode servir a dois senhores. O crente que ama o dinheiro decididamente não ama a Deus. Ninguém pode amar os dois. Livros e mais livros seriam necessários para relacionar os males trazidos pelo amor ao dinheiro. Mas há alguns males imediatos que precisamos denunciar.

Primeiro, o amor ao dinheiro embota completamente qualquer via de conhecimento espiritual, deixando a pessoa ignorante acerca de Deus, de Cristo, do Mediador, da fé, da Escritura e da vida eterna. Ela fica sem saber discernir o homem de Deus, o Criador da criatura, confunde o Salvador com um homem e não tem qualquer noção da sua divindade. O crente que ama o dinheiro dedica o melhor do seu tempo ao dinheiro, ao seu planejamento, à sua admiração, à sua adoração, abandonando a oração, o estudo da Escritura, o culto público. 

Segundo, o amor ao dinheiro tira do homem a percepção do próximo, fazendo-o perder a solidariedade da raça, deixando-o sem qualquer sensibilidade para com o semelhante e suas necessidades. Ele passa a ver o próximo como ameaça a seu patrimônio, daí distanciando-se dele. 

Terceiro, ele facilmente pratica todas as transgressões que o dinheiro lhe permite, como adultério, roubo, mentiras, assassinatos e desonra das autoridades. O amor ao dinheiro é afim de todas essas transgressões da lei de Deus, aprisionando anda mais o pecador nas garras de todos esses crimes. Ter muitos bens e posses e amá-los, ou não ter bens e posses mas cobiçar tê-los, deixa os homens em pé de igualdade em termos de crime. 

Portanto, os males do amor ao dinheiro e às posses atingem tanto ricos quanto pobres, e todos os crentes devem fugir deles enquanto é tempo.


MORDOMIA CRISTÃ

MORDOMIA CRISTÃ



INTRODUÇÃO


Embora a mordomia seja frequentemente associada ao dinheiro, ela tem sido descrita memoravelmente como que incluindo o nosso tempo, talentos e riqueza. Mas a mordomia não diz respeito apenas a sermos bons administradores de nossa agenda, nossas habilidades e nossas coisas. A disciplina da mordomia bíblica nos chama a usar todas essas coisas da maneira como o Senhor quer, a empregá-las para a sua glória. No entanto, ninguém pode ser um mordomo no sentido bíblico se, antes disso, não entende o evangelho – a história do que Deus realizou por meio da vida e da morte de Jesus Cristo.

O EVANGELHO CRIA MORDOMOS


O evangelho é infinitamente mais do que um ingresso para o céu. É uma mensagem que muda não somente o destino da pessoa na eternidade, mas também seu coração e sua mente aqui e agora. O evangelho transforma mais do que o relacionamento de uma pessoa com Deus; também transforma o relacionamento de uma pessoa com todas as outras coisas.


Essa é a razão por que as evidências mais confiáveis de que uma pessoa se converteu é que ela começa a buscar maneiras de usar seu tempo, talentos e dinheiro no serviço do evangelho. Quando uma pessoa começa a usar diligentemente seus recursos para servir e propagar o evangelho, isso é um testemunho do valor que ela coloca no evangelho e do fato de que ela valoriza o Deus do evangelho acima de todas as coisas.


O pecado nos torna egoístas e desperdiçadores de tudo que temos e tudo que somos. Mas "a luz do evangelho da glória de Cristo" (2 Coríntios 4.4) nos ajuda a perceber que conhecer a Deus é infinitamente mais importante e mais valioso do que guardar o tempo e o dinheiro para nós mesmos. O evangelho nos faz achar prazer espiritual em usar essas coisas para atender às necessidades de outros e capacitá-los a ouvir o evangelho e a voltarem-se para Cristo. Chegar a conhecer a Cristo por meio do evangelho nos leva, por um lado, a avaliar nossos recursos e, por outro lado, a avaliar a alma das pessoas. Leva-nos também a dizer com o apóstolo Paulo: "Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma" (2 Co 12.15).


MORDOMOS PRECISAM DE DISCIPLINA




A disciplina para administrar nossos recursos de maneira intencional, norteada pelo evangelho e que glorifica a Deus não vem plenamente formada com a habitação do Espírito Santo – tem de ser cultivada. A mordomia tem de ser uma disciplina, pois sempre há algo mais clamando por nossos recursos. Sem disciplina, as melhores intenções de usarmos nosso tempo, talentos e dinheiro para o evangelho serão vencidas pelas circunstâncias e pelas emoções do momento, resultando em incoerência ou, pior, em negligência no uso mais eficiente de nossos recursos para o evangelho.
Em um sentido, a disciplina da mordomia é central a todas as outras disciplinas espirituais. Se não desenvolvermos um uso teocêntrico de nosso tempo, por exemplo, não nos engajaremos coerentemente nas disciplinas pessoais, como a oração ou o alimentar-nos da Palavra de Deus, nem participaremos com fidelidade das disciplinas espirituais interpessoais, como a adoração ou a comunhão coletiva.


Uma das passagens clássicas sobre mordomia é a parábola de Jesus a respeito dos talentos (Mt 25.14-30; Lc 19.12-17). Nessa parábola, o senhor recompensou aqueles que administraram bem os recursos que entregara ao cuidado deles e puniu aquele que não fez isso. Embora haja mais coisas que poderíamos aplicar dessa parábola, um fato evidente é que aqueles que foram considerados mordomos fiéis foram intencionais – disciplinados – em usar para seu senhor os recursos que ele lhes confiara temporariamente. Deus tem prazer na mordomia exercida com disciplina – e não com negligência – daquilo que lhe pertence.
O que é essa mordomia exercida com disciplina? É usarmos os nossos dons espirituais para servir a Deus em nossa igreja local. É designar uma parte de nosso dinheiro para a igreja cada mês, antes de pagarmos outras contas, para que o uso de nossos recursos seja coerente com as prioridades que mais valorizamos.

A disciplina entra no âmbito da mordomia porque é tão fácil desperdiçarmos nosso tempo, dissiparmos nossos talentos e sermos negligentes no uso de nosso dinheiro. No entanto, até o uso mais escrupuloso de nossos recursos é indigno sem o evangelho, pois é somente por meio do evangelho que recebemos tempo eterno no céu, talentos glorificados e o mais rico dos tesouros – Deus mesmo.