domingo, 31 de julho de 2016

PRIMÍCIAS

PRIMÍCIAS


Ao ordenar que o Seu povo Lhe entregasse os primeiros frutos, Deus queria ser distinguido no coração de Seus filhos. A entrega das primícias é uma forma de se dar honra ao Senhor. 

“Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.” (Provérbios 3.9,10)

Ao mencionar a necessidade de darmos honra ao Senhor em nossas finanças, a Palavra do Senhor fala sobre os "nossos bens" e também sobre as  "primícias da nossa renda ". Não se trata apenas de "honrá-Lo com os nossos bens", nem tampouco de honrá-Lo apenas com a nossa renda, e sim com as "PRIMÍCIAS DESTA RENDA.

A definição que o Dicionário Aurélio dá acerca de primícias é: “Primeiros frutos; primeiras produções; primeiros efeitos; primeiros lucros; primeiros sentimentos; primeiros gozos; começos, prelúdios”. A definição bíblica não é diferente. Por trás de toda uma doutrina fundamentada em ensinos explícitos e figuras implícitas, as Escrituras nos mostram a importância que Deus dá ao nosso ato de entregarmos a Ele as nossas primícias, cuja definição é: “A PRIMEIRA PARTE DE ALGO.”

Deus não instituiu as ofertas pelo fato de precisar delas, mas para "provar o nosso coração" numa das áreas em que demonstramos um grande apego. Com a Lei das Primícias não é diferente. Deus não precisa dos primeiros frutos. Nós é que precisamos d’Ele em primeiro lugar em nossas vidas, e este é um excelente exercício para mantermos o nosso coração consciente disto.

Lemos em Êxodo 13.13 que, se o primogênito (considerado o primeiro fruto do ventre) da jumenta não fosse resgatado, o seu pescoço deveria ser quebrado. A importância da Lei das Primícias não estava no que seria feito com a oferta, mas no "princípio de ela não ser utilizada em benefício próprio".


Entregar ao Senhor as primícias da nossa renda é "dar-Lhe honra". "É distingui-Lo". É demonstrar o "lugar especial" que Ele ocupa em nossas vidas. Deus quer ser o Primeiro em nossas vidas. A rebelião de Satanás foi a tentativa de usurpação desta posição divina. E ainda hoje ele tenta tomar o trono de Deus em nossos corações. Mas devemos manter o Senhor em Seu devido lugar.


A Bíblia está repleta de histórias de pessoas que mantiveram Deus em primeiro lugar em suas vidas a despeito do preço a ser pago. Abraão se dispôs a sacrificar o seu próprio filho, mas não se atreveu a deixar de dar a Deus o primeiro lugar. José foi para a cadeia para não pecar contra Deus numa relação adúltera. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram lançados numa fornalha por recusarem-se a dar a uma estátua o lugar que pertence só a Deus. Daniel foi lançado numa cova de leões pela decisão de manter a Deus em primeiro lugar. Os apóstolos foram presos e açoitados porque importava antes obedecer a Deus do que aos homens. Estes são exemplos positivos que nos inspiram a seguirmos as mesmas pegadas dos que agiram do modo correto, mas também há os exemplos negativos de pessoas que não fizeram de Deus o Primeiro em suas vidas, e tornaram-se um exemplo a não ser seguido.


Além destas figuras e exemplos, temos também o ensino explícito de Jesus, que não deixa dúvidas sobre a importância do assunto:
“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6.33)



A  palavra grega traduzida como “primeiro” neste versículo é “proton” e significa: “Primeiro em tempo ou lugar, em qualquer sucessão de coisas ou pessoas. Primeiro em posição, influência, honra; chefe, principal”.


Quando damos a Deus o primeiro lugar, não nos frustramos. Pelo contrário, há um sentimento de realização em nosso interior que testifica que de fato fomos criados justamente para isto. Sem Deus em primeiro lugar, há um desequilíbrio em nossas vidas. Perdemos o propósito da nossa existência.


 I. PRIMÍCIAS NO NOVO TESTAMENTO



Alguns crentes têm dificuldades com qualquer menção de princípios ligados ao Antigo Testamento, e, antes de aceitarem qualquer doutrina, já começam indagando: “Qual é a base disto no Novo Testamento?”

“Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem.” (Hebreus 10.1 – Tradução Brasileira)

A sombra é diferente do objeto real que a projeta. Assim também, o que se via nas ordenanças da Antiga Aliança eram características similares às dos princípios que Deus revelaria nos dias da Nova Aliança. As observâncias materiais eram figuras das práticas espirituais.


O cordeiro sacrificado na Lei Mosaica foi apontado como uma figura (ou sombra) de Jesus, que veio para morrer em nosso lugar (Jo 1.29). A oferta de incenso do Tabernáculo passou a ser reconhecida como uma figura da oração dos santos (Ap 5.8). A Ceia da Páscoa deixou de ser praticada, e esta festa passou a ser uma aplicação espiritual dos princípios que ela figurava (1 Co 5.7,8). Assim também, outros detalhes da Lei que envolviam comida, bebida, e dias de festa, começaram a ser vistos, não como ordenanças materiais pelas quais quem não as praticasse poderia ser julgado, mas como uma revelação de princípios espirituais, cabíveis na Nova Aliança:
“Ninguém, portanto, vos julgue pelo comer, nem pelo beber, nem a respeito de um dia de festa, ou de lua nova ou de sábado, as quais coisas são sombras das vindouras, mas o corpo é de Cristo.” (Cl 2.16,17)

Foi com esta mentalidade (de se aplicar as sombras e figuras), e não tentando retroceder a uma prática material da Lei Mosaica, que o apóstolo Paulo nos revelou a aplicação espiritual da Lei das Primícias no Novo Testamento:
“Mas se as primícias são santas, também a massa o é; e se a raiz é santa, também os ramos o são.” (Romanos 11.16)


Os israelitas receberam do próprio Deus a ordem de consagrarem a Ele os primeiros frutos do ventre de suas mulheres, do ventre de seus animais, e também dos frutos da terra. Na hora da colheita, o primeiro feixe pertencia a Deus e deveria ser apresentado pelo sacerdote perante o Senhor, numa oferta de movimento. Destes primeiros frutos, também era feita uma oferta de cereais.
Portanto, Paulo estava ensinando que, ao santificar a primeira parte (a mais importante), você santifica também o restante, que vem depois dela. Quando alguém santificava as primícias (primeiros frutos), santificava também tudo o que depois seria feito com a colheita, incluindo a massa da oferta de cereais e dos pães que eles comeriam depois.
Uma outra ilustração também é apresentada para fortalecer o entendimento deste princípio: se a raiz (que é a parte mais importante, que surgiu primeiramente na formação da planta) for santificada, então os ramos e tudo o que surgir dela também serão santificados. Este era o entendimento que os judeus receberam da Lei de Moisés. Se santificassem ao Senhor as primícias de sua renda, estariam santificando o restante da renda que ficava em suas mãos. Por isso Deus poderia fazer com que se enchessem fartamente os seus celeiros e transbordassem de vinho os seus lagares!
Isto não apenas explica o que são as primícias, mas também nos mostra o poder que elas têm de santificar o restante daquilo de onde foram tiradas.
                   






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