OFERTAS NO VELHO TESTAMENTO ( Parte 4 )
O SACRIFÍCIO PELOS PECADOS (4:1 - 5:13)
Ofertas para pecados involuntários e por acidente. A posição do malfeitor na sociedade determinava a natureza do animal a ser sacrificado. Ao passo que em Levítico 3:12 nenhuma disposição foi feita para os pobres sacrificarem aves, presumivelmente porque não eram consideradas uma oferta suficientemente grande para uma refeição sacrificial, nesta seção uma categoria de ofertas menos dispendiosas é estabelecida para o benefício de pessoas que não tinham meios de sacrificar um novilho ou uma cabra.
Uma nova fórmula introdutória (“quando alguém,” cf. 5:1)15 indica uma mudança da preocupação de Deus com a restauração do bem--estar, para a preocupação com os meios mediante os quais as transgressões acidentais podem ser expiadas.
Pecar (2) vem do Hebraico hátã,raiz esta que significa basicamente “errar o alvo.” Ao pecar, o transgressor realmente perde o objetivo real da existência, que é viver em obediência aos mandamentos de Deus e ser santo conforme Ele é santo (Lv 11:44; 19:2, etc.).O que está envolvido em cometer transgressões por ignorância (NEB “involuntariamente”) é o fazer aquilo que é proibido
em qualquer dos mandamentos do Senhor a Israel. A tradução por ignorância é um pouco enganadora, ainda que somente porque certo grau de desobediência consciente era obviamente envolvido. Destarte, nas transgressões mencionadas em 5:1-4, o pecado por ignorância incluiria
tanto os atos conscientes da desobediência quanto transgressões cometidas como o resultado de fraqueza e fragilidade. Versículos subseqüentes tratam das categorias de pessoas abrangidas por estas disposições.
1.SITUAÇÃO DO SACERDOTE
O sumo sacerdote exercia uma posição de grande responsabilidade espiritual. Qualquer transgressão da parte dele era refletida sobre a nação como um todo, para escândalo para o povo (3), visto ser ele o representante do povo diante de Deus e assim profanaria o Santo dos Santos por causa da sua iniqüidade. Aqueles que são membros do sacerdócio real de Deus em Cristo (1 Pe 2:9) devem ser revestidos de justiça (SI 132:9), e não devem permitir que o pecado domine em seus corpos mortais (Rm 6:12). A oferta pelo pecado (hattà’t) do sumo sacerdote fazia expiação para ele e atenuava a ira de Deus. Aqui, como noutras partes do sistema sacrificial hebraico, ressalta-se alguma coisa que é
feita em prol do homem para remover a barreira estabelecida pelo pecado.
A palavra hattã’t é derivada de uma forma verbal que significa “purificar,” de modo que o substantivo significa “um sacrifício que obtém
a purificação.” A função desta oferta, portanto, é purificar o local da adoração, tomando-o santo ao Senhor (cf. Zc 14:20), e fazendo com que seja possível para Deus habitar mais uma vez entre Seu povo.
O procedimento sacrificial segue o padrão geral das ofertas anteriores no fato de o pecador trazer o animal à tenda da congregação,identificar-se com ele, e abatê-lo perante o SENHOR (4). Há, porém,
alguma diferença de detalhes, para a purificação do sumo sacerdote,que deve levar parte do sángue sacrificial para a tenda da congregação,onde o sacerdote (5) ungido, asperge o sangue ritualmente na direção do véu do santuário, i.é, a cortina que separava o lugar santo do Santo dos Santos (Êx 26:33). O uso do azeite era generalizado no Oriente Próximo antigo para propósitos de toucador, medicinal e outros, bem como para demonstrar respeito para os hóspedes (cf. Lc 7:46). Como rito religioso, a unção indicava a dedicação a Deus de pessoas ou objetos.
Uma expressão para um soberano teocrático era “o ungido do Senhor”(cf. 1 Sm 12:3; Lm 4:20). A frase “o sacerdote ungido” refere-se ao sumo sacerdote como o funcionário cultual mais alto do povo escolhido.
Arão foi ungido especificamente na sua consagração (8:12),ao passo que ele e seus filhos foram aspergidos com o óleo de unção e o sangue sacrificial (8:30) como parte do ritual da consagração.16 O ato de aspergir o sangue também é realizado diante do Senhor, ou seja, conscientemente como na Sua presença, e não apenas como uma parte casual dalgum ritual requintado.membros da congregação é enfatizada pelo fato de que, para ele, parte do sangue da oferta pelos pecados era aplicada nas projeções do altar de ouro sobre o qual incenso aromático era queimado. Para o restante do povo, o sangue era aplicado sobre os chifres do altar do holocausto.
O altar do incenso (cf. Êx 30:1-10) era de um modelo familiar na antiguidade, com projeções (“chifres”) subindo dos cantos. O propósito destas projeções, além de serem puramente decorativas, é incerto,mas intérpretes judaicos têm considerado que dirigiam os pensamentos dos adoradores em direção aos céus enquanto o incenso estava sendo queimado. Visto, porém, que este altar pequeno estava dentro da tenda da congregação no lugar santo, não estaria aberto à vista da mesma
maneira que o altar do holocausto estava visível enquanto o sacerdote estava queimando o incenso aromático duas vezes ao dia. Em Êxodo 30:34-38, as partes constituintes do incenso oferecido eram “substâncias odoríferas, estoraque, onicha e gálbano; estes arômatas com incenso puro”em proporções iguais. Alguma dúvida existe quanto à natureza dalguns destes ingredientes. Destarte, é impossível dizer exatamente quais eram os ingredientes das “substâncias odoríferas”, se de fato foram componentes separados e não uma descrição do incenso como composto acabado.
Estoraque, uma resina ou goma fragrante, tem sido identificadaou com a árvore de estoraque (Styrax dfficinalis L. ) ou o opobálsamo(Commiphora opobalsamum L.j. A onicha era um ingrediente mais
provavelmente obtido pela moagem das garras ou unhas de certos moluscos, ao passo que o gálbano era uma resina aromática de uma espécie de funcho, talvez Ferula galbaniflua Boiss. &Buhse, embora isto não seja absolutamente certo. 0 incenso possuía qualidades antissépticas e adstringentes, e na tradição hebraica veio a ser símbolo da oração fervorosa e contrita (cf. SI 141:2).
Uma vez que o sangue sacrificial Tinha sido acabado, todos os tecidos gordurosos eram recolhidos e queimados no altar dos holocaustos,como se tiram os do novilho do sacrifício pacífico (9). Tudo
quanto sobrava do novilho, i.é, sua pele, sua carne e suas entranhas, tinha de ser removido fora do arraial, para ser depositado em um lugar limpo (12). 0 fato de que o couro do animal é mencionado demonstra que, na oferta pelo pecado, assim como no holocausto (cf. 1:6) o couro era removido antes das várias partes oferecidas a Deus serem consumidas pelo fogo. O lugar limpo era situado onde se lança a cinza (Heb.sepek haddesen), sendo que esta última frase ocorre somente aqui no Antigo Testamento. Presumivelmente, a área ao leste do altar do holocausto,onde lixo (cf. 1:16), cinzas ensopadas de gordura, e detritos semelhantes eram depositados, está sendo aludida aqui. O animal não poderia ser queimado no altar, porque o ritual não visava obter expiação para o sumo sacerdote, mas, sim, remover a contaminação causada pelo comportamento ilícito do sumo sacerdote. Logo, a carcaça era desfeita pelo fogo no local do montão de lixo sacrificial fora do arraial. Este procedimento foi referido em Hebreus 11 — 13, onde Jesus foi assemelhado aos animais cujo sangue tinhà sido trazido ao santuário pelo sumo sacerdote como sacrifício pelo pecado.
Para os israelitas, o exterior do arraial era território imundo, mas porque Jesus foi rejeitado na cidade santa e foi crucificado fora das suas muralhas veneradas, os valores antigos tinham sido completamente invertidos.
2. A SITUAÇÃO DA CONGREGAÇÃO
Esta passagem está tão estreitamente vinculada com a anterior que as instruções são repetidas numa forma abreviada visando a conveniência. Toda a congregação (13) poderia ter pecado por causa da
conduta ou do conselho impróprios do sumo sacerdote, conforme aconteceu subseqüentemente na história perturbada de Israel, e, destarte, o ritual pela oferta pelo pecado dela tem muita coisa em comum com aquele que é preceituado para a expiação do sumo sacerdote. Na teoria, o povo de Israel era “reino de sacerdotes e nação santa” (Êx 19:6), de modo que o sangue da oferta da congregação era manipulado da mesma maneira que o sangue apresentado para o sumo sacerdote. De modo
semelhante, a carne do animal sacrificado para as duas partes era queimada fora do arraial no montão de cinzas. O pecado por ignorância pela congregação parece subentender que um indivíduo tinha quebrado os mandamentos de Deus dalguma maneira, e estava indisposto a confessar seu delito ou fazer expiação por ele mesmo com uma oferta pelo pecado.
Mais cedo ou mais tarde, por processos não especificados, a transgressão chega à atenção (aos olhos) da assembléia (Heb. qàhàl). Este grupo era aparentemente restrito a líderes comunitários ou tribais, e é distinguido cuidadosamente da congregação (‘èdâ) à qual davam orientação
Um novilho jovem da primeira qualidade é trazido à tenda da congregação e a transferência da culpa comunitária é efetuada simbolicamente pelos anciãos da congregação (15). Estas pessoas ocupavam um lugar importante na comunidade de Israel desde o tempo da escravidão no Egito, onde aparentemente tinham posições de precedência entre as tribos (Êx 3:16; 4:29). Esta situação era muito provavelmente um desenvolvimento da tradição patriarcal em que os chefes das famílias tinham
poder completo sobre seu lar. Seria esperado de tais pessoas, portanto,que fornecessem coesão para a comunidade, mas além disto alguns anciãos talvez tenham sido escolhidos por causa de sua reputação de homens sábios ou conselheiros. Não era incomum na sociedade do Oriente Próximo antigo os chefes de estado reunirem ao redor deles pessoas deste tipo Como conselheiros, para os quais poderiam voltar-se em tempos de dificuldade ou de emergência. Isto pode ser ilustrado no Antigo Testamento com referências ao Faraó (Gn 50:7), aos midianitas e aos moabitas (Nm 22:7) e aos gibeonitas (Js 9:11), ao passo que, num período posterior, a prática era seguida pelos gregos e romanos. O fato de que os anciãos hebreus no Egito foram as pessoas instruídas acerca da maneira
segundo a qual a páscoa devia ser celebrada sugere que originalmente eram chefes de famílias. Eram pessoas que podiam exercer liderança em questões religiosas (Êx 24:1, 9) bem como em casos judiciais, e em certo período durante a peregrinação no deserto, setenta deles foram nomeados para ajudar Moisés com questões administrativas gerais (Nm 11:16-17).Em Levítico 4:15-21 os anciãos são vistos oficiando num ambiente cultual.
A diferença entre os anciãos e a congregação não fica explícita,mas o termo qãhãl parece significar “uma reunião convidada,” o que sugeriria que a assembléia pçderia ter consistido de um pequeno grupo eleito de anciãos.
16-21. O ritual que envolve a aspersão do sangue é paralelo àquele que é preceituado para o sumo sacerdote (w. 7-12), só que a menção da expiação (20) não é igualada por uma declaração semelhante na passagem que trata da oferta pelo pecado do sumo sacerdote. Não há referência a uma refeição comunitária em conexão com este tipo de sacrifício sendo a idéia subjacente, evidentemente que aquele em prol de quem a oferta pelo pecado é feita não pode comer qualquer parte dela,visto que o sangue foi aspergido no lugar santo (cf. 6:30). Como resultado desta oferta, a congregação recebia a garantia do perdão, porque Deus é “perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-se, e grande
em bondade” (Ne 9:17). É incorreto sugerir, conforme faz Noth,que na oferta pelo pecado há um efeito ex opere operato. Embora a narrativa esteja em harmonia com a de passagens semelhantes ao enfatizar a importância da decoro exato ritual, um senso de ter cometido um pecado involuntário e uma necessidade conseqüente do perdão é uma exigência prévia da oferta. Entendido de modo isolado destas condições,o ritual obviamente não poderia fazer expiação por si só. Talvez Noth não
se expressou de modo claro neste assunto.
3. UM PRÍNCIPE
Precisamente quem está sendo descrito por “príncipe” (Heb.nàst'), é incerto.21 A falta do artigo definido indica uma referência geral mais do que específica. Claramente tal pessoa era subordinada na sua posição ao sacerdote ungido, mas superior ao povo comum e talvez até mesmo aos anciãos no v. 15. O exegeta bíblico espanhol Ibn Ezra (1092-1167) pensava nele como sendo um “príncipe de uma tribo,” mas Noth parece ter razão em sugerir que era um dos porta-vozes tribais antigos22(cf. Êx 16:22, etc.). Mais uma vez, isto indicaria a antigüidade do sistema sacrificial hebraico. Pecar ou ,melhor, “tomar-se culpado”, visto que faz parte do processo de cometer pecado, seja deliberado, seja acidental.
Cristo ensinava que o pecado não consistia em incidentes isolados de impiedade, mas, sim, era essencialmente uma questão de motivação envolvendo a personalidade (Mt 5:28; 15:18-19; Mc 7:21).
Antes de o príncipe trazer sua oferta, deve ser notificado do seu pecado, seja pelo sumo sacerdote,seja por príncipes colegas.
O processo de catarse emocional e espiritual é freqüentemente ajudado pela confissão pública da iniqüidade (cf. Tg 5:16), e tem o efeito de tomar mais relevante a ofertà para a expiação. Em contraste com o*animal apresentado pelo sumo sacerdote ou pelo povo inteiro, o príncipe oferece um bode sem defeito (23). O ritual era divergente noutros aspectos também, visto que exigia que o sangue fosse passado nos chifres do altar do holocausto ao invés de sobre o altar dourado do incenso.
A gordura devia receber a destinação como no caso das ofertas do bem estar(26), sendo que a lembrança neste sentido talvez fosse uma orientação ao sacerdote oficiante, quanto ao procedimento. Este sacerdote fará expiação por ele para obter perdão para ele. A palavra para“expiação” deriva de uma raiz hebraica kpr, que pode ter dois significados diferentes. Se tem relação etimológica com o acadiano kapãru,“limpar esfregando,” seu sentido seria “esfregar até deixar limpo.” Nos rituais sacrificiais hebraicos, o pensamento de fazer expiação por alguém sempre se destaca, o que resulta na isenção de castigo sobre o indivíduo em questão. A expiação que ocorre tem o efeito de resgatar a pessoa,e este parece ser o melhor sentido de kpr.
Outro significado, “cobrir” (cf. árabe kapparà), era familiar aos hebreus da Idade de Bronze Média, conforme é indicado pela expressão para “aplacar” (lit. “cobrirei a sua face”) em Gênesis 32:21. Embora alguns sacrifícios visem retratar o “esfregar até ficar limpo” de certos objetos poluídos tais como os chifres do altar do incenso (4:7) ou o propiciatório(16:14), outros visam trazer a purificação aos indivíduos ou à comunidade como um todo. Neste último caso, o pecado parece ser
“coberto,” e, assim, apagado da vista de Deus. O efeito de semelhante procedimento é reconciliar o homem a Deus, levando a efeito uma expiação e assegurando o adorador do perdão.23 Como nos outros exemplos, estes ritos foram realizados em prol do príncipe pelo sacerdote
4. MEMBROS COMUNS DA CONGREGAÇÃO
Ofertas para o pecado acidental por um plebeu seguiam o padrão preceituado para um príncipe. Qualquer pessoa do povo da terra (Heb. ‘am hã’àres) podia oferecer uma cabra (28) ou uma cordeira
(32), nenhuma das quais estaria além das posses da família média. Vv. 28-31 e 32-35 são seções paralelas que descrevem os rituais a serem seguidos. O sangue é aplicado ao altar do holocausto (v. 30, 34),em contraste com a aspersão realizada pelo sacerdote quando a expiação
pelo pecado por ignorância da congregação inteira de Israel estava sendo feita (4:17). O queimar dos tecidos gordurosos, como também na oferta pelo bem-estar (31), tem o efeito de produzir um aroma agradável ao Senhor, mas este último não é mencionado no v. 35, que se refere,ao invés disto, às ofertas queimadas do SENHOR. A expiação é levada a efeito como resultado destes rituais, e o pecador arrependido é perdoado. Talvez a carne oferecida por príncipes e plebeus fosse comida pelos sacerdotes, embora não haja indicação aqui quanto a isto.As transgressões descritas neste capítulo são de uma natureza algo mecânica, para as quais havia disposições apropriadas expiatórias. Não há, porém, qualquer ritual aqui ou noutro lugar no Pentateuco para dar cobertura aos pecados da rebelião deliberada e consciente contra Deus, expressada em atos tais como o adultério, a idolatria, o assassinato ou a blasfêmia. Mesmo assim, um momento de reflexão capacitará a pessoa a perceber a base lógica de tal situação.
TRANSGRESSÕES QUE REQUEREM UMA OFERTA PELO PECADO ( 5:1-13)
Os primeiros poucos versículos deste capítulo apresentam ao leitor uma construção sintática um pouco complicada, que se contrasta com a simplicidade e estilo quase mecanicamente direto das seções anteriores.
Estes versículos tratam de três tipos de transgressão, o primeiro dos quais é um caso algo especial que envolve uma pessoa relutante em divulgar informações acerca de um delito que observou, ou acerca do qual ouviu falar por outro meio. Embora o versículo nada diga acerca de involuntariedade, a transgressão é evidentemente tratada como um pecado por ignorância. Uma pessoa que se achasse em tal situação não poderia pressupor que o mero oferecimento de um sacrifício removesse a culpa em que tinha incorrido mediante sua interferência com os processos da justiça.
tinha incorrido mediante sua interferência com os
processos da justiça. Primeiramente, tinha de confessar seu pecado (5)e depois fazer a restituição apropriada (6:5). A frase levará a sua iniquidade é, em efeito, um pronunciamento oficial de culpa. A voz da imprecação (“a adjuração pública”) era freqüentemente conhecida como“a maldição” (Heb. ’àlâ), presumivelmente porque consistia, em denúncia solene de qualquer testemunha que continuasse a guardai silêncio acerca da questão. Exemplos nas Escrituras de pessoas que guardaram seu próprio segredo até que fossem submetidas a algum tipo de adjuração incluem Acã (Js 7:19), Mica (Jz 17:2) um homem cego (Jo 9:24) e o próprio Jesus (Mt 26:63). Ser uma testemunha leal e fiel era uma consideração importante na antiga aliança (cf. Êx 20:16, visto que a integridade individual e a justiça comunitária dependiam dela em grande extensão.
A segunda transgressão envolvia contato com animais ou pessoas imundas. A descrição das espécies de animais limpos e imundos ocorre em Levítico 11, ao passo que os quatro próximos capítulos
tratam de ocorrências de imundícia humana. Consideração mais detalhada destes regulamentos será empreendida naquela altura, mas aqui deve ser meramente notado que o contato ocorreu, e que interferiu com o estado de pureza cultual ou cerimonial do indivíduo. A imundícia é acidental (ainda que lhe fosse oculto), logo, os ritos de purificação não foram empreendidos. Uma vez que o transgressor saiba da sua culpa, é a responsabilidade dele oferecer sacrifício expiatório, visto que a falta de agir assim somente pioraria seu próprio relacionamento com Deus, além de afetar o bem-estar da existência comunitária.quilo que a pessoa pronunciava em voz alta (“com seus lábios”),
qualquer tipo de juramento temerário (4), sem, talvez, reparar plenamente nas implicações daquilo que estava sendo dito. A combinação mal. . . bem é uma expressão antiga que denota a totalidade. Logo, a frase deve ser traduzida “um juramento temerário para fazer qualquer coisa que seja.” Tais juramentos eram feitos não freqüentemente no mundo antigo sob a influência de bebidas alcoólicas, e este seria sem dúvida o caso em que a pessoa teria de ser informada por outrém (e o souber
depois) do seu delito.
O terceiro tipo de transgressão que exigia uma oferta pelo pecado era aquilo que a pessoa pronunciava em voz alta (“com seus lábios”),qualquer tipo de juramento temerário (4), sem, talvez, reparar plenamente nas implicações daquilo que estava sendo dito. A combinação mal. . . bem é uma expressão antiga que denota a totalidade. Logo, a frase deve ser traduzida “um juramento temerário para fazer qualquer coisa que seja.” Tais juramentos eram feitos não freqüentemente no mundo antigo sob a influência de bebidas alcoólicas, e este seria sem dúvida o caso em que a pessoa teria de ser informada por outrém (e o souber depois) do seu delito. O cristão é relembrado que a língua é um instrumento poderoso (Tg 3:5-6), e é especificamente advertido no Sermão da Montanha contra o fazer juramentos (Mt 5:34-36) e nas repreensões de Cristo dirigidas aos escribas e fariseus.
Para estes tipos de pecados involuntários, a oferta apropriada pela culpa ( ’ãsãm) era uma cordeira ou uma cabrita, que seria aceita pelo sacerdote como uma oferta pelo pecado (hattà’t). Antes de ser possível fazer expiação, a confissão era obrigatória. As ofertas pela culpa e pelo pecado estão estreitamente relacionadas aqui (cf. 4:13,22, 27; 5:17; 6:4), mas a primeira recebe sua ênfase legislativa apropriada em Levítico 5:14-16, e pode ser distinguida da oferta pelo pecado pela exigência adicional da restituição. Destarte, a referência a uma oferta pela culpa no v. 6 pode ser melhor entendida no sentido de “coisa confiscada por castigo.” Para aqueles com posses insuficientes, duas rolas ou dois pombinhos podiam ser trazidos, um como oferta pelo pecado,e o outro como holocausto (7). A ave abatida para a oferta pelo pecado tinha seu pescoço destroncado, mas a cabeça não era removida como no sacrifício pacífico. (1:15).
Um pouco de sangue era aspergido sobre a parede do altar, e o restante na base, conforme o modo das ofertas pelo pecado (9). Esta oferta devia anteceder o holocausto nos procedimentos rituais, pois, de acordo com o sistema sacrificial hebraico, a reconciliação tinha de ser efetuada entre Deus e o pecador antes de o holocausto deste último ser aceito.
O procedimento para o estabelecido (10) é aquele que se descreve em Levítico 1:14-17. Alguns comentaristas procuraram responder à pergunta de por que eram necessárias duas aves ao sugerir que, visto que era virtualmente impossível separar a gordura da carne numa ave, privando,assim, o sacerdote da porção carnuda da oferta (cf. Lv 6:26),uma ave séria inteiramente queimada para satisfazer as exigências de uma oferta pelo pecado, e a outra seria dada ao sacerdote para seu próprio
uso. No entanto, uma leitura cuidadosa dos regulamentos para os procedimentos toma clara que a segunda ave devia ser oferecida como holocausto (5:10), de modo que as carcaças das duas aves eram utilizadas neste tipo de expiação.
Décima parte de uma efa de flor de farinha podia ser oferecida no lugar (11). É impossível estimar com exatidão quanta farinha de trigo ou cevada seria envolr da, mas pode ter sido até 1,8 kg. de farinha.
Os pormenores relembram Levítico 2:1-3, mas a diferença é que em Levítico 5:11 a farinha se constitui em oferta pelo pecado, e, portanto,deve ser apresentada sem azeite nem incenso. A queima de uma porção memorial (12) dava à oferta a categoria de um sacrifício cruento,visto que a amostra era misturada com os demais sacrifícios queimados no altar. Não dá, portanto, exceção alguma sem o derramamento do sangue não há remissão do pecado.
A farinha serve como substituta de um sacrifício cruento, enfatizando assim o conceito da oferta vicária ou substitutiva, que é básico ao pensamento sacrificial hebraico.24 Uma vez que a expiação e o perdão tinham sido efetuados, o restante da farinha veio a ser a posse do sacerdote, como na oferta de manjares (cf. 2:1-10).
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